segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ciclos


Estou aqui, parada. Deitada na minha cama (não pode ser mais uma novidade o fato de que estar deitada na minha cama me traz inspiração), como se o mundo tivesse dado uma pequena pausa na vida. O barulho lá fora me lembra que não. Sim, sou só eu que parei – ou pirei, sei lá. Embora pareça loucura, eu acho mais que necessário esse momento de parar, pensar, rever, chorar, focar. É muito “ar” dentro da gente, e isso ás vezes sufoca e o único jeito de continuar – é ao mesmo tempo a única estrada que a gente não quer passar -, é deixar ir.
Eu preciso deixar ir, eu vou deixar... Aaa, mas eu não consigo! Não consigo porque não quero, e é sempre assim. Eu fico presa aos momentos, de um jeito tão forte que mesmo mudando inteiramente a minha personalidade, eu ainda estaria presa aos mesmos. É tão difícil explicar. Quase impossível, diria. Mas é preciso.

Tá difícil respirar. Eu sei que essa é a fase que me levará a uma nova mudança. Sempre depois que passo por momentos em que é necessário desapegar de algo ou alguém, eu cresço.  Cresço e descubro um novo mundo que estava guardado para mim. É uma sensação maravilhosamente boa. É como mergulhar em um mar desconhecido e a água tão limpa dá a impressão de não haver problemas por ali. Mas eu trago comigo uma bagagem da vida, e não me deixo totalmente entregue ao poder daquelas águas cristalinas. Primeiro coloco os pés, sinto a temperatura e a cada passo mais fundo, sinto a água cobrir todo o meu corpo. Quando eu me acostumo com aquele imenso mar e a sua temperatura se torna surpreendentemente agradável, eu mergulho, de cabeça mesmo, e me sinto a melhor pessoa do mundo. Isso dura tempo o suficiente para que eu me apegue ao ponto de não querer mais ir embora. Eu tenho que ir, mas não quero. Será que a vida poderia, pelo menos uma vez, dar uma pausa no seu ciclo estúpido e interminável e me escutar um pouco?

Eu não quero ir. Não quero, de forma alguma. Isso está tão explicito quanto as lágrimas nos meus olhos. Eu estou me negando a ir, a seguir esse tal de ciclo, como uma criança birrenta. Mas não tem jeito. Eu estou sendo arrancada, levada para longe das pessoas que eu amo. Parece que todos os ventos tornaram-se contrários a nós. Será que ajuda de alguma forma dizer que eu não tenho medo?  Tenho saudades, é diferente.
A dor que eu sinto é do tamanho do mundo.
Eu não quero me render, mas percebo que não tem mais jeito. Que todo esforço que eu fizer será em vão. Resta-me aceitar. E aos poucos, vou deixando ir, e vou me deixando ser levada por novos ventos. À espera de uma nova etapa. Pode ser que dessa vez eu tenha sorte e que essa nova fase me traga um novo amor. Mas pode ser tantas outras coisas também. Tudo novo de novo... Não é isso que a vida quer? Então, que assim seja.